domingo, 26 de junho de 2011

'Queremos obrigar os que estão no topo a descer do salto', diz porta-voz de hackers


Imagem usada pelo grupo de hackers (Foto: Reprodução/BBC/Grupo Lulzsec)

Imagem usada pelo grupo de hackers (Foto: Reprodução/BBC/Grupo Lulzsec)

Em chat exclusivo com a BBC, porta-voz do grupo Lulzsec diz que 'hacking com objetivo político é recompensador'.

Da BBC

Um porta-voz dos hackers Lulz Security disse à BBC que o grupo tem como objetivo atacar os 'que estão no topo' da sociedade a fim de obrigá-los a 'descer do salto'.
O Lulz Security, mais conhecido como Lulzsec, ganhou notoriedade depois de atacar sites de várias instituições conhecidas.
Em um chat privado exibido em um programa de reportagens da BBC, Whirlpool (Redemoinho), que se descreve como 'capitão do barco Lulz', afirmou que o grupo começou a hackear computadores há cerca de dois meses apenas 'para se divertir' - mas que os objetivos se ampliaram desde então.
'Hacking ético com objetivos políticos é mais recompensador', disse o hacker.
O Lulz Security tem ganhado proeminência nas últimas semanas com ataques cibernéticos a alvos altamente visados, que incluíram a agência de inteligência americana, a CIA, o senado norte-americano e a gigante de entretenimento Sony.
No Brasil, o braço brasileiro do grupo, o LulzSecBrazil, reivindicou a responsabilidade feira por um ataque ao site da Presidência da República.
Na sexta-feira, os alvos foram os sites do Ministério da Cultura e do IBGE, que chegaram a ficar fora do ar. Após uma varredura no sistema, o instituto de estatística afirmou que nenhuma informação foi acessada em sua base de dados.
A reportagem da BBC não se encontrou pessoalmente com Whirlpool, o porta-voz dos hackers. A produção do programa Newsnight, exibido na sexta-feira à noite, pôde confirmar que ele é usuário com acesso ao twitter @Lulzsec.

A seguir, os principais trechos da conversa:

BBC - O que é a operação Antisec, que o grupo está encampando?
Whirlpool - Reunimos energia a partir de uma gota de operações pessoais para chegar a um movimento global de hackers contra as pessoas comuns que se consideram os opressores, em outras palavras, os governos do mundo. Nosso barco Lulz reuniu barcos aliados de grupos hackers como o Anonymous e outros, incluindo grupos proeminentes brasileiros, iranianos e espanhóis.
BBC - Pode explicar o que quer dizer com 'se consideram os opressores'?
Whirlpool - Aqueles que criam as regras para governar os oceanos não são corruptos por natureza, mas logo eles se dão conta de que ninguém questiona as regras que eles criam, então usam este sistema para cometer abusos. As pessoas temem novas regras, as pessoas temem os que estão no topo, e estamos obrigando-os a descer do salto um pouquinho.
BBC - Vocês acham que as regras é que estão erradas? Que são as pessoas erradas que estão fazendo as regras? Vocês concordariam com regras, desde que com mais transparência?
Whirlpool - Quando nosso barco quer navegar em uma livraria, não queremos pagar à Apple para ter um aparelho de leitura móvel e, em seguida, um aplicativo que nos permita ler livros, e depois ter de comprar os direitos de ler o livro em formato texto. Não ao direito à propriedade intelectual. O 'errado' à propriedade intelectual é um inimigo constante dos mares.
BBC - Então o copyright é um dos temas, mas não deve ser a razão por trás dos ataques à polícia do Arizona. Pode explicar isto?
Whirlpool - Nosso ataque contra a polícia do Arizona foi para expor o preconceito racial e a corrupção na frota inimiga. Em um dos emails vazados, eles se referem aos mexicanos como imigrantes ilegais, e dizem que precisam construir um muro mais alto e maior para mantê-los fora (do território americano). Temos centenas de outros documentos prontos para divulgar a respeito de Estados corruptos semelhantes.
BBC - De propriedade intelectual à imigração - a sua agenda é bastante ampla...
Whirlpool - Nossos alvos são globais. Regras e leis corruptas definem bem o nosso vetor de ataque. Balas de canhão serão disparadas contra bancos, polícia e governos inteiros até que nós (a internet) estejamos satisfeitos.
BBC - Uma pergunta sobre seu nome - Lulz. Algumas pessoas pensam em 'laughs' ('risada', em inglês). O grupo está ficando mais sério? Ou Lulz foi uma interpretação errada?
Whirlpool - Estamos violando as arcas do tesouro para nos divertir desde o twitter número um. Obtivemos os dados pessoais de mais de 73 mil participantes do X-Factor (o programa de calouros de grande sucesso do grupo Fox Entertainent) e temos mantido o ritmo. A nossa última operação, pouco antes de chegar a 250 mil seguidores, convida todo o resto da internet a se juntar a nós. Nesse sentido, a nossa missão é séria. Mas ainda queremos dar muita risada com ela.

LulzSec, o grupo hacker que desafiou o governo dos EUA

O “LulzSec” tem atraído algumas manchetes pelos seus ataques a organizações importantes como o senado norte-americano, a CIA (que teve apenas seu site derrubado) e a InfraGard, ligada ao FBI. Mas não para por aí. O grupo distribuiu na internet 62 mil senhas de procedência desconhecida, invadiu rede das produtoras de games Bethesda e Nintendo, atacou também a Sony e até empresas de mídia como a Fox e a PBS.


Logotipo usado pelo LulzSec (Foto: Reprodução) 
Logotipo usado pelo LulzSec (Foto: Reprodução)

O LulzSec faz de tudo uma brincadeira. No site oficial, toca o tema da série de TV americana “The Love Boat” (“O Barco do Amor”); por conta disso, o grupo às vezes é chamado de “The Lulz Boat” ou “O Barco do Lulz”. Lulz, por sua vez, é uma gíria que vem de outra gíria usada na internet, o “lol”, sigla em inglês para “rindo muito alto” (“laughing out loud”). Em outras palavras, o nome “Lulz Boat” poderia ser “traduzido” – com muita liberdade – para “O Barco das Risadas” e o LulzSec, “Rindo da Segurança”.
Ainda na página principal, há uma referência à música “Friday”, de Rebbeca Black – hit da internet com mais de 160 milhões de acessos e que foi recentemente removido do YouTube devido a uma disputa judicial. O grupo quer colocar a “diversão” na pauta da segurança digital.
Em outra página, o grupo comenta boa parte das suas ações, revelando dados internos das empresas e organizações já citadas – inclusive uma lista de usuários da InfraGard. O LulzSec desafiou o governo americano, que havia declarado a possibilidade de ataques cibernéticos serem vistos como atos de guerra.
 
Origem

O que se sabe do LulzSec é o que chega dos inimigos do grupo. Alguns indivíduos que se consideram “ninjas de internet” criaram o blog LulzSec Exposed neste sábado (18) para publicar informações de membros do grupo. Segundo eles, os principais membros do LulzSec seriam Sabu (fundador), Topiary, Kayla, Nakomis, Tflow, Joepie91, Avunit e BarrettBrown.
Membros do LulzSec estariam envolvidos em ataques a um hacker conhecido como Jester, que atuava contra o Wikileaks. Na época, um impostor criou uma conta em nome de Jester. Nekomis e Topiary seriam os envolvidos nesse episódio.
O LulzSec teria se desprendido do Anonymous após a invasão à empresa de segurança HBGary Federal. O objetivo, segundo o blog LulzSec Exposed, seria conseguir ficar com o crédito pelos ataques, sem enfurecer outras pessoas que estariam ligadas ao “Anonymous” devido aos ataques sem motivo político aparente – como as outras ações do Anonymous tinham sido.

Últimos acontecimentos

O Lulzsec tornou disponível dados de policiais do estado do Arizona, dos EUA, nesta sexta-feira (24). Os hackers disseram que queriam mostrar injustiças e práticas anti-imigração da polícia. A maioria dos dados era relacionada à patrulha da fronteira com o México.
Na quarta-feira (22), um jovem de 19 anos foi preso no Reino Unido, acusado de ser membro do Lulzsec.
Antes disso, o grupo levantou a bandeira do movimento antissegurança (#antisec). O #antisec é um movimento histórico entre hackers, que busca atacar principalmente os profissionais ligados à segurança da informação. O movimento começou no ano 2000 , mas desapareceu durante vários anos da última década.
Já o movimento #antisec descrito pelo Lulzsec quer atacar principalmente governos, autoridades como a polícia, bancos e outras instituições. Até o momento, não há registro de ataques contra profissionais da segurança nos mesmos moldes do antigo movimento #antisec . O canal usado pelo movimento #antisec tem atualmente mais de 600 pessoas.


Fonte: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/06/queremos-obrigar-os-que-estao-no-topo-a-descer-do-salto-diz-porta-voz-de-hackers.html


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